quinta-feira, 29 de junho de 2017

Comunicado oficial da banda Headhunter D.C., sobre a saída do Paulo Lisboa

Foto por: Frederico Neto​
Por Sérgio “Baloff” Borges – vocalista do HEADHUNTER D.C.

Venho através dessa nota, em meu nome e em nome do HEADHUNTER D.C., expressar o nosso mais profundo pesar pela saída de seu membro-fundador Paulo Lisboa da banda. Realmente não tenho palavras que sintetizem o que sinto nesse momento, afinal são mais de 30 anos de uma parceria mais do que frutífera, que resultou no desenvolvimento de um trabalho, entre shows e lançamentos, que me enche de orgulho e de honra por tê-lo realizado a seu lado. 

Apesar de já estarmos preparados para a sua saída já há algum tempo (alguns shows já vinham sendo feitos com um guitarrista substituto desde o ano passado, enquanto que os dois últimos da recente mini-turnê sulamericana foram realizados apenas com uma guitarra), encarar o seu afastamento definitivo está sendo extremamente difícil para mim (assim como para todos na banda), afinal não fui "ensinado" a continuar com a banda sem o Paulo; costumávamos a compartilhar dos mesmos sonhos e metas desde que entrei definitivamente na banda como vocalista, no final de 1989 (ainda que já viesse acompanhando-os – inclusive como baterista provisório, em 88 – desde o seu início, em 1987), mas quis o destino (ou acaso, como queiram...) que nos afastássemos nesse sentido agora, encerrando um ciclo para iniciarmos outro, e como tenho comentado em outras ocasiões, o Culto não pode parar jamais, então respeitamos sua decisão e seguiremos firmes e fortes com o poder que o Death Metal nos provém. 

Será muito difícil encontrar alguém que o substitua à altura (diria até impossível, já que não estamos falando apenas do mero lado musical aqui), mas certamente tratar-se-á de algum seguidor de sua escola de se tocar Death Metal com sentimento e não apenas com técnica, para assim honrar o seu imaculado legado dentro do HEADHUNTER DEATH CULT e dentro da cena Death Metal mundial. Alguém que escreveu um álbum como "...And the Sky Turns to Black..." e tantas outras obras sônicas de Metal da Morte, além de ser o grande pioneiro do gênero na Bahia e em todo Norte/Nordeste brasileiro, jamais será esquecido! 

Obrigado meu irmão Zé Paulo pela criação do HEADHUNTER D.C., por seu pioneirismo na concepção da Música da Morte do lado de cá do país, pela longa e verdadeira amizade que transcende o Metal, o tempo e as adversidades da vida e mais uma vez pela honra de me permitir trabalhar ao seu lado por tantos anos e de forma ininterrupta! Jamais esquecerei cada gota de sangue, suor e lágrima derramada durante essa longa jornada, tudo em nome daquilo que sempre acreditamos e que agora damos continuidade sem a sua presença física, mas com a sua essência cravada em cada nota, riff, batida ou berro que dermos daqui em diante. Subir num palco sem você continuará sendo um grande e dificílimo desafio, mas as memórias de cada show, de cada ensaio, de cada gravação que fizemos juntos será como um combustível para nos mantermos na árdua estrada do Underground por muito tempo ainda. Assim será! Tudo de melhor pra você em todos os seus caminhos, você merece, meu irmão! Muito obrigado mais uma vez por tudo! A saga continua... 

ALL HAIL LISBON TUMULLUS, ETERNAL MASTER OF THE DEATH CULT! MY BEST FRIEND EVER AND EVER!!! DEATH METAL RULES SUPREME... THE GLORY WILL ALWAYS BE OURS!!!!!! 666…

Sérgio "Baloff" Borges - Nekrobaloff666, the possessed one... / HEADHUNTER DEATH CULT – 30 ANOS!!!

terça-feira, 27 de junho de 2017

Paulo Lisboa, não é mais membro do Headhunter D.C.

A imagem pode conter: 1 pessoa, noite, show, violão e área interna

COMUNICADO 
por Paulo Lisboa (guitarrista-fundador do Headhunter D.C.)

Venho através deste comunicado informar minha saída da banda Headhunter D.C., fundada por mim em maio de 1987. Foi realmente muito difícil para mim tomar tal decisão, mas chega uma hora que não dá mais como gerenciar tantas coisas em nossas vidas. Eu moro longe da capital onde a banda reside, trabalho como professor, municipal e estadual, em tempo integral, e não tenho mais como equacionar o meu trabalho com as atividades da banda. 
Sempre vou estar presente ao lado do grande Headhunter D.C. em sua imaculada e árdua trajetória, assim como sempre estive ao longo desses 30 anos de carreira, sem NUNCA, JAMAIS ter se rendido aos modismos e demais tendências que, infelizmente, têm infestado o Heavy Metal ao longo dos anos. O Headhunter D.C., nestes 30 anos de sólida carreira, sempre lutou em prol do verdadeiro e puro Death Metal, e assim continuará a lutar até o fim. 
Espero então, assim como vocês, fãs do Headhunter D.C., que a banda viva mais 30 anos para continuar disseminando o Metal da Morte nos quatro cantos da “terra e do inferno” de forma verdadeira e honesta, como sempre o fez. 
Enfim, muito obrigado a todos que têm acompanhado o Headhunter Death Cult ao longo destas três décadas ininterruptas de existência. Continuem apoiando o verdadeiro Death Metal Underground Nacional.
Death Metal Rules Forever... Headhunter D.C. Rules Forever… 666… !!!

Paulo Lisboa - Lisbon Tumullus

PS: A banda continua desde já disponível para shows com um guitarrista substituto até que um novo membro definitivo seja convocado. A saga continua... \m/

*pic by Sacrilegous Darkness Arts @ Evil Attack III, Lima, Perú June the 3rd, 2017.

Para mais informações sobre a banda: https://www.facebook.com/HeadhunterDc/

sábado, 10 de junho de 2017

ENTREVISTA: IMPERIOUS MALEVOLENCE

1995 foi o ano em que foi formada a banda de Death Metal  a IMPERIOUS MALEVOLENCE na cidade de Curitiba/PR. Desta época restou apenas o Antonio Death, que nos conta aqui um pouco sobre as turnês europeias, os lançamentos feitos ate a data de hoje e os planos para a banda nos anos que virão. Semmais bla, bla, bla... vamos a entrevista.

1 - A banda está na estrada desde 1995. Além de toda a formação o que mudou na parte musical e sonora do primeiro trabalho “From Eternal Vacuum Storms” ate os atuais?

Antônio Death: Não foi só nos que mudamos o deste Metal mudou e nos seguimos das mudanças com o estilo, incluímos mais ‘blast beats’. A temática continua a mesma e as inspirações em bandas clássicas como Morbid Angel, Deicide, entre outras. Nós nunca mudamos nosso estilo de tocar pra copiar o Krisiun e seu estilo "lock up" usando ‘blast beats’ em quase todas as bases, assim como muitas bandas fizeram, a gente sempre manteve a linha clássica misturada com as novidades que as bandas, principalmente as internacionais mostraram.

2 - Em 1999 a banda lança o álbum “Imperious Malevolence” e também partem para a sua primeira turnê pela Europa. Como que foi na época a distribuição e divulgação desta obra e esta pela primeira vez em uma turnê fora do país?

Antônio Death: O primeiro álbum foi totalmente independente e sua distribuição feita pelo correio, em 1999 essa era nossa realidade, e sobre a turnê, foi uma realização pessoal pra cada integrante e isso nos motivou muito pra continuar pois o profissionalismo que enxergamos na Europa não existia aqui e isso foi só motivo para nos dedicarmos mais a banda.
 
3 - Em 2003 foi lançado o segundo álbum “Hatecrowded” e aí a banda mais uma vez sai em uma turnê pela Europa, dessa vez por três meses para um total de 28 shows, onde tiveram que dormir ate num local de invasão na Espanha. Conte um pouco sobre essa segunda experiência por la. Vocês que agendaram tudo ou teve alguma agência por trás?

Antônio Death: Essa foi a experiência mais louca de todas, sempre com pouca grana e com contatos próprios, organizamos mais esta incursão, não existiam agências que você podia pagar para arranjar shows, foi tudo na raça mesmo!

4 - Em 2006 a banda lançou o terceiro álbum “Where Demons Dwell”, este lhes levaram mais uma vez de volta a shows em terras europeias, só que desta vez em festivais de nomes, como: “Brutal Assault”, “Metal Heads Mission”, “Under The Black Sun”, “Party San Open Air”. A distribuição e divulgação da gravadora ajudaram muito para que conseguissem estas datas por la ou foi mais os contatos que já tinham e nome da banda feito durante as outras turnês?

Antônio Death: A gravadora ajudou sim, mas somamos aos contatos que tínhamos e a turnê foi do caralho, tivemos contato com o real mainstream e foi sensacional tocar ao lado de grandes banda como Behemoth, Obituary, Arch Enemy, Sodom, Carcass, e é claro, mais legal foi encontrar toda essa galera nos bastidores e bebermos e/ou fumarmos muito juntos (risos).
 
5 - Dessas passagens pela Europa renderam os lançamentos do Split “Live in Germany/Collapsing Human Failures” e o DVD “Kill, Fuck & Destroy”. Como foi que surgiu estas oportunidades de lançar estas obras? Parece que ambos foram por selos gringos, então queria saber se existe alguma chance de um dia o DVD ser relançado?

Antônio Death: “Live in Germany” foi um split que foi lançado junto com a Defeated Sanity que estava em turnê conosco, sua gravadora na época nos convidou e aceitamos, quanto ao DVD, este foi lançado pela Works Editora daqui do Brasil mesmo e foi legal pois encontrávamos ele a venda ate nos supermercados, mas será difícil seu relançamento pois a qualidade sonora ficou muito ruim e não nos interessou mais, o trabalho da produtora falhou nesse aspecto, mas como não teve custos para a banda estava valendo.

6 - Depois das mudanças na formação a banda volta a gravar em 2011 e dai saiu o EP “Priests Of Pestilence”, que serviu como um aperitivo do que seria o quarto álbum “Doomwitness”, lançado em meados de 2013. Desde então a banda vem divulgando e distribuindo esta obra. Como que foi as gravações e composições deste e como que ta sendo a distribuição e divulgação?

Antônio Death: As composições do “Doomwitness” são da época em que os antigos membros ainda estavam na banda, e assim que os novos integrantes assumiram nos produzimos as composições, melhorando-as e definindo mais modernidade e sonoridade, a distribuição foi feita por parcerias entre a Rock Brigade e o Andre Smirnoff.

7 - “Doomwitness”, já vem sendo trabalhado a quase cinco anos, sem nada novo ser lançado. Por quais motivos não lançaram nada novo deste de 2013?

Antônio Death: Não lançamos mais álbuns apos este período, pois preferimos esperar e investir nos clipes por exemplo, full length’s são caros ainda, e nem sempre atingem o mesmo publico que no passado.

8 - Apesar de não terem lançado nada novo, nesses cinco anos a banda tem trabalhado em lançar clipes. Como foram os trabalhos de gravações e produções dos clipes para "Doomwitness" e “Seek For Mephisto”? Vale apena investir em clipes?

Antônio Death: Os clipes foram totalmente produzidos e dirigidos por mim junto com Avant Gard Estudio e, com certeza, vale a pena investir nisto pois a visualização é bem maior que lançar um CD por completo, o único pesar foi a banda ter investido na face nova da banda, o vocal e baixo Alex, dando destaque a ele nos videoclipes e este sair da banda logo em seguida sem maiores explicações, portanto aconselho a quem for fazer clipes de não destacar muito ninguém da banda, mais no geral os resultados em vídeo ficaram excelentes!

 
9 - O próximo álbum devera se chamar “Decades of Death”. Como que tá a produção e gravação deste e o que mais poderia nos adiantar aqui sobre esta próxima obra de adoração ao Metal da Morte?

Antônio Death: “Decades of Death” é uma homenagem ao estilo e ao nosso amor por esta arte maldita pra alguns mas adorada por muitos, o que posso adiantar e que terão momentos na sonoridade do álbum que nos lembrara os primeiros clássicos do Death Metal, e músicas novas para a galera sacar como estão nossas composições e também uma nova música em português mantendo a ideia e confirmando nossa raiz brasileira, para que os gringos não se esqueçam que aqui se faz metal de qualidade e que também temos nossa própria originalidade e manteremos isso até a morte!

10 - Bom, acho que por agora são estas as perguntas. Obrigado pela atenção! Algo mais a acrescentar fique à vontade.

Antônio Death: Nós que agradecemos o interesse na banda mesmo após tantos anos, e apenas deixo dito que não desistiremos assim como muitos o fazem, porque pra nós o Imperious Malevolence faz parte da nossa vida, não e nada passageiro ou modismo, é um estilo de vida, obrigado!

INTEGRANTES
Fernando Grommtt - Baixo & Vocal
Antonio Death - Bateria
Danmented - Guitarra & Backing Vocal

CONTATOS:
www.facebook.com/imperiousmalevolence

terça-feira, 6 de junho de 2017

ENTREVISTA: THE CROSS


The Cross banda pioneira do Doom Metal nacional, foi fundada em 1990, por Eduardo Slayer (vocal), que inspirado em mestres como Black Sabbath e Candlemass, juntou-se com Mauricio no baixo, Jorge King Cobra na bateria e nas guitarras Josué e Pedro. Com essa formação a banda gravou as primeiras demos, sendo que a “The Fall”, tornou-se um clássico do estilo. Depois de um longo tempo apodrecendo a banda retorna e em 2015 lançou o EP “Flames Through Priests”, que com apenas duas musicas deixou a todos com o desejo de muito mais musicas. Então no inicio deste ano de 2017 a banda lançou “The Cross” com mais musicas de um poderoso e fúnebre Doom Metal! Em uma longa entrevista o Eduardo Slayer nos falou sobre o passado e o presente da banda. Confira:

1. Primeiramente quero dizer que é um prazer poder entrevista-los para o Odicelaf e para iniciar o papo gostaria de saber como que era iniciar uma banda de Doom Metal no ano de 1990 e como que é serem os primeiros a investir no estilo aqui no Brasil, juntamente com a banda Pentacrostic?

Eduardo Slayer: Era solitário. Lembro que nos anos 1990 nunca tocamos com bandas de doom. Hoje temos iniciativas como a União Doom Metal BR ou a Nuktemeron Productions do Fábio Shammash (Mythological Cold Towers) mostrando como o doom nacional agora está bem articulado.

2. The Fall foi o primeiro trabalho oficial lançado, mas no final do ano de 1991 foi lançado um ensaio. Como se deu a distribuição e divulgação deste ensaio e também da The Fall?

Eduardo Slayer: Gravamos essa fita no antigo estúdio de Júnior, o Rocambole, na Av. Vasco Gama. Era uma gravação caseira, foi divulgada em poucos fanzines. Já a “The Fall” foi distribuída nos EUA pela Moribund Records e na França pela Holy Records. Negociamos cinco mil cópias dessa demo tape entre 1993 e 1995.

3. Na epoca quais eram as maiores dificuldades para lançar uma demo?

Eduardo Slayer: A maior de todas era a falta de dinheiro. O custo de estúdio de ensaio, de comprar equipamento bom, etc. era (e ainda é) muito alto. Outro problema era falta de engenheiros de som qualificados para gravar uma banda de metal.

4. Como que foi a produção e gravação de “The Fall”?

Eduardo Slayer: Fomos para Aracaju para gravar no Estúdio Visag entre maio e junho de 1993. Gravamos, mixamos e masterizamos as três faixas da "The Fall" em 20 horas.

5. “Damned Symphony”, seria o titulo de um split a ser lançado por um selo já extinto. Qual a outra banda que iria dividi-lo com a The Cross e porque não saiu este trabalho?

Eduardo Slayer: A "The Fall" ia ser um lado de um split lançado pela Bazar Musical. O outro lado ia pra uma banda cearense de death metal, a Obskure, na ativa até hoje. A coisa desandou quando Júnior, o dono selo, morreu num acidente. O irmão dele Gilmar assumiu a Bazar, mas não tinha muito tino pro negócio.

Comecei a desconfiar que Gilmar não fosse lançar esse material quando ele disse que as vendas do segundo disco da Slavery (que acabou saindo pela Cogumelos Discos) iam financiar a prensagem do split. Não era isso que Júnior tinha acertado com a gente. Durante a gravação do futuro-ex-split pedi o engenheiro do Visag copiar a fita master numa fita K7 minha. Três meses se passaram e nada. Nós, a Slavery e a Obskure continuamos pressionando Gilmar e ele continuou enrolando. Aí resolvi lançar a gravação como uma demo mesmo. Gilmar não gostou da história e disse que a gente só teria fita master de volta se o The Cross pagasse de volta os custos de hospedagem em Aracaju, gravação, etc. Ficou inviável pra banda. Resultado: ninguém sabe onde foi parar essa fita...

6. Em 1998 a banda parou. Alem de problemas com a formação, que outros motivos levaram a para com a banda?

Eduardo Slayer: Iaçanã Lima (ex-baterista da Headhunter D.C.) saiu do The Cross e a minha irmã Cristiane, a tecladista, também. Ficou difícil pra arranjar os músicos certos depois disso. Eu também tava cansado de carregar a banda nas costas.

7. “The Plague of the Lost River” seria o titulo do primeiro álbum da banda. Chegaram a gravar algo na época ou o que foi escrito foi ou será aproveitado algum dia? Porque do titulo?

Eduardo Slayer: O único registro que temos desse material é um vídeo do show do Palco do Rock de 1997. Inclusive tiramos duas músicas novas do fora do set list, senão o show ia durar três horas. A formação era totalmente diferente nessa época. A linha da banda foi mais pro lado do Funeral Doom. Baixamos a afinação (um tom abaixo, Ré), colocamos teclados e puxamos o som ainda mais pra trás.

O título foi uma coisa que eu e o baixista Toni Vila Nova bolamos. A inspiração inicial veio da capa do segundo disco do Paramaecium, “Within the Ancient Forest”. Aí juntamos com o nome de uma das nossas músicas da época, “The Lost River”. Viajamos nessa ideia paradoxal: como é que alguém pode ter a praga de um rio perdido? É bem abstrato, gera muitas reflexões.

8. A banda para em 1998 e quase duas décadas depois volta dos mortos. Como que é esta voltando após todos esses anos e lançar ai um EP e finalmente o primeiro álbum?

Eduardo Slayer: Está sendo muito bom e, ao mesmo tempo, bem difícil. A cena mudou muito dos anos 1990 para cá. Uma fitinha demo com três faixas fez a gente rodar o Brasil inteiro, de Teresina à Criciúma. E o público era maior. Um show nosso daqui de Salvador em 1994 teve quase mil pagantes. Hoje o normal é ter dez vezes menos esse público... E olhe lá. A coisa boa é que a comunicação tá muito mais rápida e barata e a qualidade das gravações melhoraram estupidamente.

9. O que andou fazendo enquanto a The Cross apodrecia em seu tumulo?

Eduardo Slayer: Em 2006 eu me casei com uma gaúcha e me mudei pra São Borja/RS. No mesmo ano eu e Toni ensaiamos um retorno, mas ficou só no papel mesmo.

10. O EP “Flames Through Priests” marcou a volta de vocês ao cenário underground, mais como foi esta de volta ao estúdio, compondo novos temas e finalmente gravar e ver torna se realidade mais um trabalho da banda?

Eduardo Slayer: Gravamos o EP no estúdio de um velho fã da banda, Sidinei “Grim” Falcão do Blessed In Fire. Gostamos do resultado final, apesar da gravação ser problemática. Durante o processo os velhos problemas de formação do The Cross voltaram e implodiram a banda. O The Cross já estava para terminar no final de 2015 até o nosso novo guitarrista solo, Zé Felipe, entrar na banda.

11. “Flames Through Priests” conta com duas excelentes musicas inéditas e mais a clássica demo “The Fall” de bônus. Porque gravaram apenas duas musicas e colocaram a demo como bônus?

Eduardo Slayer: Íamos gravar mais músicas, mas só "Sweet Tragedy" e "Cursed Priest" estavam realmente afiadas. Deixamos de fora "The Skull & The Cross" e "House of Suffering", as duas saíram no disco novo. A ideia de colocar a demo junto com as duas músicas foi um consenso entre eu e Eduardo Macedo, o dono do nosso selo (MS/Eternal Hatred Records). É uma estratégia nossa pra os velhos fãs e novos compararem o The Cross de 1993 com a sua nova encarnação.

12. Recebi aqui o primeiro álbum que leva o nome da banda. A capa quando foi divulgada em setembro de 2015 era colorida. Porque a mudança para o preto e branco cinzento? A arte foi ideia do Marcelo que fez ou ele apenas seguiu as orientações de vocês? Qual a mensagem ou significado por trás dela?

Eduardo Slayer: Sim, a capa original tinha três cores: preto, azul e verde. São cores “noturnas”. Mas quando o encarte começou a ser desenvolvido percebemos que ele estava todo em preto e branco. Aí parece lógico deixar a capa em preto e branco.

Marcelo Almeida, o designer, seguiu as minhas ideias na hora de fazer a capa. Um samaritano (referência à música homônima do Candlemass) vaga sozinho num cemitério. Ele olha para os céus em busca de respostas. Para onde ele vai? Por que sua vida ficou daquele jeito? Será que ele vai morrer logo? Etc. A morte está chegando perto, fechando o cerco nele. Tudo isso acontece no anoitecer (outra referência ao Candlemass, o disco “Nightfall”). É quando o mal acontece, espiritualmente falando.

A arte foi inspirada em parte pelo nosso guitarrista, Elly Brandão, que fez a maioria das músicas desse disco. Ele tinha câncer e faleceu em Abril de 2016, antes que pudesse gravar o disco. A morte era uma realidade concreta para ele; como ele enfrentaria os últimos meses de sua vida? A arte da capa é uma homenagem simbólica a sua perseverança. Ele lutou pelo metal até nas últimas horas de sua vida.
13. A cada trabalho um novo logotipo. Essa do álbum será permanente ou poderá vim a ser modificada no futuro?

Eduardo Slayer: Foi Alex Rocha, nosso ex-baterista, que fez o logo do EP. Ele misturou o logo antigo do The Cross com o logo antigo do My Dying Bride e fez uma coisa original em cima disso. Um tempo depois a gente pediu pra Marcelo Almeida fazer outro logo. Queríamos alguma coisa que tivesse um feeling mais arcaico, envelhecido, em ruínas. Pedi pra ele fazer esse logo destacando uma cruz.





14. As letras na sua maioria foram compostas pela banda. Poderia explicar sobre quais temas cada uma delas tratam e quais foram as inspirações para compô-las?

Eduardo Slayer: As letras são variações de três temas: karma, morte e depressão.
15. Porque da inclusão de versões para “Cold in the night beyond death” de Walter Savage Landor e “Poe’s Silence” de Edgar Allan Poe?

Eduardo Slayer: "Cold is the Night Beyond" é baseada no poema de Landor "Speech of a Dying Philosopher". Ele é um bom epitáfio. A ideia veio de Zé Felipe. A de Edgar Allan Poe veio de conversas minhas com Elly. Nos dois tínhamos simpatia pelos contos de Poe e queríamos fazer uma homenagem a esse grande escritor. Elly pesquisou, achou "Silence: a Fable" e aí ele fez uma adaptação desse poema. Terminamos a música numa semana. Ela é grande, arrastada, inspirada em “The Skull” do Trouble e “The Hunt” do Ahab.

16. Tem sido positiva a resposta do publico que já adquiriu o “The Cross” e a distribuição e divulgação pelo selo como que ta sendo?

Eduardo Slayer: Muita. Fomos a banda #3 de vendas do selo em março e em abril fomos a #2. Considerando que tocamos doom e que a MS tem 102 bandas isso uma grande conquista.

17. Porque “The Cross” para o titulo?

Eduardo Slayer: Muitas bandas de metal colocaram título do álbum de estreia com o nome da própria banda, de Mötörhead e Iron Maiden ao Deicide. Pareceu uma boa ideia pra eu e Elly.

18. Pra finalizar, quais os planos para o futuro da The Cross? Obrigado pela atenção e entrevista! 

Eduardo Slayer: Já começamos a trabalhar no segundo disco. Diferente do primeiro, feito na pressa, esse vai ter muita pré-produção. Vamos ter tempo para definir os arranjos, os timbres, as letras, os arranjos de voz. Esperamos lançar esse álbum no meio do ano que vem. Também temos planos também para regravar 12 músicas da fase “clássica” dos The Cross, entre 1992 a 1995.
FORMAÇÃO
Eduardo Slayer - Vocal
Felipe Sá - Guitarra
Paulo Monteiro - Guitarra
Mário Baqueiro - Baixo
Louis - Bateria

SIGA THE CROSS


OBS: BANDAS INTERESSADAS EM SEREM ENTREVISTADAS ENVIAR MATERIAL FÍSICO  (CD, DEMO, RELEASE E ETC) PARA: ADAUTO DANTAS - AVENIDA ACM, 42 - CICERO DANTAS/BA - 48410-000. NÃO ACEITO MATERIAL DIGITAL OU ENVIADOS POR E-MAIL E OS QUE JÁ MANDARAM AGUARDEM ENTREVISTA.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

The Cross – The Cross – CD


Finalmente tenho o prazer de desfrutar desta maravilhosa obra da banda The Cross, que depois de dois anos do lançamento do excelente EP “Flames Through Priests”, lançou seu tão esperado primeiro álbum. De cara já enche os olhos com a bela arte de capa, que acredito teria ficado ainda mais bonita se fosse colorida, como havia sido divulgada quando anunciaram a arte. O encarte é bem completo com imagens/fotos ilustrando, letras, informações, ficha técnica, agradecimento e texto homenagem ao falecido Elly.

As musicas um total de oito, que juntas ultrapassam uma hora de um Doom Metal cadenciado e deprimente como a passagem de um cortejo fúnebre. Os riffs, carrehados de felling, são dolorosos, a cozinha muito pesada e os vocais rasgados, mas audíveis e cheios de sentimento de tristeza e dor. Os titulos são: “Cold Is The Night Beyond Death”, “The Las Nail In The Coffin”, “The Skull & The Cross”, “The Last Prayer”, “Resquiat In Pace” (instrumental em tribute a Elly), “Garden Of Silence”, “House Of Suffering” e “Poe's Silence”. 

Não tenho duvida que este é um dos melhores álbuns lançado neste ano de 2017 e espero logo poder ver Eduardo Slayer – Vocal, Felipe Sá – Guitarra, Paulo Monteiro – Guitarra, Mário Baqueiro – Baixo e Louis – Bateria; executarem estes hinos fúnebres ao vivo. 

Admiradores o Doom Metal não devem perde tempo e adquirir esta obra prima dos baianos da The Cross, que já estão pensando no próximo álbum. Preparamos uma entrevista com a banda que deve ser publicada dentro de algumas horas...
Contatos: https://www.facebook.com/thecrossdoom